Muita gente pode estar passando por essa situação sem nem sequer saber o termo usado para nomeá-la. Isso porque, segundo dados da Organização Internacional do Trabalho (OIT), esse já é considerado um grave problema para a saúde pública: 42% dos brasileiros disseram ter sofrido algum tipo de assédio moral.
Bem, antes de continuar, deixemos claro que esse tipo de abuso refere-se à exposiçãodos trabalhadores a situações humilhantes e constrangedoras. Geralmente, elas sãorepetitivas e prolongadas durante a jornada de trabalho e no exercício de suas funções. Por isso mesmo, são mais comuns relações hierárquicas, em que prevalecem atitudes e condutas negativas dos chefes em relação a seus subordinados.
A vítima, por medo de perder o emprego, raramente reage às opressivas, instaurando o “pacto da tolerância e do silêncio”. Mas não foi o que fez João Gilberto Ribeiro, que resolveu criar um perfil no Twitter (@diariodoassedio), para relatar casos e soluções para esse tipo de abuso.
Ele foi admitido, através de concurso público realizado em 2005, em um conselho de classe profissional. Tudo começou quando um grupo de empregados, incluindo ele próprio, tentou levar uma reivindicação de melhorias salariais para o presidente. “Deste grupo, vários sofreram assédio, foram demitidos e entraram com ações que estão tramitando. Eu também entrei com uma primeira ação trabalhista que, além de pedir reintegração, pede indenização por assédio – porque quando eu ligava para o superior imediato, testemunhas ouviam que ele sempre me ofendia com palavras de baixo calão”, relata João.
Ao ser reintegrado, porém, seu chefe direto e o próprio presidente da entidade passaram a expô-lo a uma situação humilhante: sala isolada, sem computador, telefone e internet. Ou seja, todo material que utilizava foi retirado e ele não tem como exercer suas atividades. “Entendi que era uma situação de assédio moral e tratei de denunciar, logo no terceiro dia de trabalho, à Procuradoria Regional do Trabalho”, explica.
E apesar de o debate sobre os princípios éticos no trabalho ter ganhado destaque nas discussões parlamentares, empresariais e em diversos sindicatos, foi a ineficiênciados órgãos para os quais João apresentou suas denúncias que o levou a criar o perfil no microblog: “Denunciei os fatos a Delegacia do Trabalho, Ministério Público, Procuradorias do Trabalho, OAB, Comissão de Direitos Humanos e Tribunais do Trabalho. Nenhum deles, nenhum mesmo, esteve no local ou mandou alguém para confirmarem minha denúncia”, conta ele.
E você deve estar se perguntando: se o João sofre tanto com o assédio moral, por que continua trabalhando para essa instituição? Ele mesmo responde: “Continuo porque já não sou mais nenhum garoto, já tenho 40 anos e trabalhei muito tempo concursado em outro órgão. Mas continuo prestando provas para outros concursos e perseverante que a mente dos assediadores possa evoluir”.
Mas é importante ressaltar que devem ser tomados cuidados para não se criar um clima de histerismo a respeito do tema e evitar que situações pontuais no ambiente de trabalho sejam tabuladas como assédio moral. Esclarecendo: um ato isolado não é assédio moral. Para que uma conduta equivocada no ambiente de trabalho seja entendida como assédio, alguns aspectos são importantes, como repetiçãosistemática, intencionalidade e degradação deliberada das condições de trabalho, como tem acontecido com João.
O fato é que, em um período de constantes avanços científicos e tecnológicos, temos de voltar a atenção aos princípios básicos de convivência humana. As relações de trabalho devem priorizar a dignidade humana e a ética profissional. É preciso rever as práticas e os valores sobre as relações humanas e tentar impedir que esse tipo de situação prejudique o dia a dia e o desenvolvimento profissional dos de trabalhadores do nosso País. Divulgue!
Fonte: Assédio Moral no Trabalho.
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